A indiferença mata aos poucos

Por Nilson Ericeira

Poeta, jornalista, professor, psicopedagogo e advogado

A indiferença mata aos poucos

Vivemos numa sociedade individualista e excludente. Há coisas que passam completamente despercebidas pela maioria das pessoas. Há cenários invisíveis aos corações e olhos de muitos. Até mesmo de quem tem a obrigação de reagir, por autorização legal ou mesmo por atribuição de ofício.

É que a indiferença enlaçada a insensibilidade tem levado muita gente à solidão, esquecimento e morte. Salvo engano, viu!

‘Uma vez eu assistir a um senhor, lá do bairro Lira, criar todos os filhos sozinho. Ele tinha um pequeno comércio e não foram poucas as vezes que o presenciei passando as lições escolares a seus filhos’.

Sempre tratando-os com carinho e retidão. Ali, no pouco que vi, percebia-se que o tratamento que ele dispensava aos seus era fundamental para uma boa formação de cada um e de todos. Mas a impressão que eu tinha também era que isto passava ao largo dos olhares e sentimentos alheios. Não sei se me fiz entender. Porém, do mesmo modo, a exemplificação é complementar ao texto, no sentido de que passamos por muitos sem, contudo, enxergá-los.

Do mesmo modo, afirmo que não nos cabe exercer o papel de Estado, pois o nosso sentimento de solidariedade e amor ao próximo é único. Deve, portanto, se manifestar no dia a dia das nossas relações.

A indiferença é uma crosta que se reveste aos poucos interiormente pelo que se apresenta no mundo exterior. É uma desigualdade que parte de nossos próprios sentimentos e que nos torna pessoas de pouca estatura humana e de pouca ou sem nenhuma visão.

Ressalva-se que os meus tecidos são impressões de mundo de que abstraio nas relações sociais e jamais se revestem em verdades absolutas.