Seres humanos

Não
precisa ter piedade

Precisa
estancar a maldade

Não
precisa me trazer coisas

Venha
de mãos vazias

Mas
me subtraia meus direitos

Não
precisa aludir meu nome

Não,
não precisa apertar minha mão

Se
me tem negado abraços

Não
me faça festas constantes

Seja
apenas sincero e amigo

Não
me traga as retrancas da porta

Prefiro-me
liberto

Não
me traga a oração de estética

Pois
de ilusão eu não vivo

Por
favor me trate como humano

Mas não mostre para os outros do que me fazes

Pois
a caridade abomina à estética

Não
me negues como irmão

Afinal,
o nosso Pai não faz acepção

Não
me amole os ouvidos trazendo ilusão

Pois
eu detesto alienação

Não
ocupe a casa de Deus com blasfêmia

Nem
me peça um tostão

Eu
sei que é o verdadeiro sentido da devoção

Agora,
faça-me um favor, venha do que jeito que vier

Mas
venha com fé

 Nilson
Ericeira