Entre a ficção e a realidade, pão, circo e eleição


A
verdade é que grande parte do nosso povo vive de espera. Espera a eleição
chegar, espera o feriado chegar, espera o aniversário do gestor, espera a
aparição de uma ‘novidade’ nem tão nova, as caras são quase sempre as mesmas,
os métodos também.

Nada
ou quase nada mudou e se mudou foi para pior. Estamos mais pobres e alguns
poucos muito mais ricos. Os ‘políticos’, a maioria mente em figura de marketing
ou mesmo como recheio de suas vidas voluptuosas, com raríssimas e honrosas
exceções.

Vejam
que acabam as eleições, terminam as festas e as ‘generosidades’! Pois o ‘mau
político’ tem se alimentado disto, aliás, alimentam por dois ou três dias no
máximo, uma família que precisa de emprego, de moradia, de trabalho, de
educação, de saúde, de segurança e de ordem democrática que os garantam enquanto
cidadãos. Mas, infelizmente, há os que destroçam e os que maquiam.

Máquina
de produzir e reciclar mentiras – A ficção é o helicóptero chegando com seus
pescados presos em ar condicionados, a realidade são os bocas do inferno esperando
para promoverem seus espetáculos. Enquanto isso é preciso fechar o protocolo
para uma tomada de cena na casa da autoridade!

No
céu os aviões trazem papeis
com mensagens de ‘esperança e fé’! Vai dar tudo
certo.


embaixo, bem embaixo mesmo, está a arraia miúda de boca aberta e estômago
aflito, pois não lhe basta só o restaurante popular – cujo prato mais cheiroso
só sai no dia da inauguração, mas é a ceia dos ricos que se aproxima com o
advento das eleições. Afinal quem não aceita um pescado moído para a sua
degustação?

Que
não aceita uma cesta básica da básica se, a maior parte do mês, passa com
estrema dificuldade até para comprar pão!

Um
pouquinho daqui e um pouquinho dali – assim enchem o saco do pobre.


em baixo, sob sol escaldante, com olhares vulgares ao céu, pedem clemência que
se dê vazão ao cardume. Mais tarde, lá do palco, vocifera a autoridade com seus
iguais, ‘esta é a melhor administração’! Então, viva um povo submisso e
humilhado.

Os
que ganharam a eleição estão certos, errados somos nós a escrevinhar poucas
linhas de uma realidade tão real quanto é a realidade virtual na intenção
hedionda de quem promove estes festivais sem graça e que, cada vez mais,
promovem a miséria do povo.