Pré-a-mar

A
tarrafa, o côfo, a linha

O
caniço, o chumbo e o tempo

A
malha, a agulha, a canôa

O
porto, o caminho e o rio

Mearei
de amor em tempo inteiro

Meu
velho no comando

Puxa
água, mete remo

Maré
já anuncia

Mururu
passante

Dali
o poeta contempla a flor

Mais
linda nunca vi

Assanhava-se
na beira do rio…

O
olhar, o insinuante, o invisível

Os
dizeres introspectivos

Carências

À
pescaria no meio do Mearim

Seguem…

O
tempo fecha

A
água na canôa velha pesada como um cavalo

Esgota,
puxa água e mete remo

Meninos,
franzinos, valentes

À
flor ficou, eternizou, criou raízes

A
pescaria se fez, refez, está

Em
maré baixa ou maré cheia

Sempre
ei de amar

Mesmo
que já em pré-a-mar

 Nilson
Ericeira