O colibri e o néctar da saudade

Havia uns bentivis

Uns colibris, muitas flores, cores…

Sabores…

Bentivi!

Bem que eu te vi

Disfarçando não me ver

Com um ar de querer, de desejos e de encantos

Agora há outros que, de galho em galho

Despertam-me com saudade de alguém

As rolinhas, que tão ansiosamente o esperavam

Os colibris se mudaram

Mudaram as minhas estações

Agora, confundo com as andorinhas

Elas insinuam pousar…

Cambalhotas no ar

A gargalhar do expecta-dor

Os beija-flores sumiram

Logo eles que, em pino, ensaiavam

O poeta com sua máquina a flertar

E o passarinho o néctar a tirar

Agora, vejo só as imagens de outrora

A voz de outras horas

E um silêncio em meio á cantoria

Vi vivim chorar

Com uma imensa saudade a degustar

Mas ainda assim eu sei que as flores te chamam

Que pessoas te amam

Pois vivem de histórias tuas a contar

E o colibri de asas no ar com uma saudade de não suportar

Ainda hoje, no nosso quintal, eu os vi me espiando

Mas desconfiados de que não eras tu

Trataram de rumar…

E voar, e revoar…

Com a dor da saudade no nosso peito a apertar

 Nilson Ericeira

·        
Este poema é dedicado aos meus dois irmãos que
Deus levou para morarem no céu.