Eu tenho medo

Eu
tenho medo

Medo
de não mais poder te abraçar

Ou
mesmo de te evitar

Ou
até da repulsa antes das mãos

Antes
dos abraços

Sinto
medo de ter medo

Mais
medo ainda

De
ter por a vida em sina

E
ser de morte o meu anúncio

Tenho
medo de ter medo

Aliás,
tenho tido medo de risos dissimulados

De
dentes escancarados e até sobrando

Da
boca que parece adocicada

Mas
que suja de fel e sangue corpo e mente

Tenho
tido medo dos falsos

Mas
de tão falso que nem sempre parece ser

É
que o medo me tem apavorado

Mas
antes eu rogo,

não
me permita ser um falso

Nem
falsear o teu santo nome

Mesmo
que em púlpitos sagrados

Pois
em falso pisaria

A
muita coisa me tenho assistido

Mas
de poucas me permito

Viver
a esnobar, sem que de meus víveres viva


me sobra ter medo

Pois
não é justo do suor dos outros viver

Prefiro
viver sem sorte,

mas
em nunca alimentar a morte

 Nilson
Ericeira