Ócio
e Néscio no Festival da Melancia
Numa
das cidades mais belas e culturais do Maranhão, acontece há anos o Festival da
Melancia, Ócio e Néscio foram ao Festival e se divertiram à beça.
“Ufa,
descemos de Marte, chegamos ao paraíso!”
Aqueceram
tomando umas, uisque para cá, uma cervejinha para misturar, chá de boldo com
casca de laranja, e tome grogue (grode)!
Das
peripécias dos dois, destaca-se a corrida de saco, na hora da largada se
lembrar de uns sacos de carregar grana que sempre deixam disponíveis nas duas
possantes máquinas.
–Serve,
serve besta, o importante é que nos vejam aqui prestigiando e o chefe nos veja,
o prêmio, ah esse nem vale a pena, o que vale a pena é ser visto. Já diz o
ditado, quem não é visto, pode ser discriminado.
—
Tu tá tão mal que erra até no ditado popular, ‘quem não é visto não é lembrado’!
E
corre que tá chegando a hora da largada quem puxar mais saco leva o prêmio! E o
prêmio, qual é: um saco de sementes de melancia para as próximas gerações e um
kit ‘anti lisura’. Que prêmio! Afinal Mundinho arrocha na sua esperteza. Tem tanto
prestígio que é amigo do próximo reitor, no próximo governo e do governo que
terminar. Haja prestigio. A Uema é dele! Paulo VI é amigo dele. Lá todo mundo
só entra com ordem dele… Êta língua!
—
Eh doido Paulo VI já morreu há muito tempo.
—
Força de expressão meu caro Ócio.
—
Meu caro, estou pensando em mudar de nome, não sei por que cargas d’água a mamãe
me deu esse nome.
—
Pode não, e nossos negócios? Temos um monte de coisas no nosso nome e no dos
outros. Desmancha contrato daqui e dali, faz isso não.
—
Portanto, é melhor não mexer nisso.
E
assim passaram os dias de festivais: rede vai, rede vem, canôa sobe, canôa
desce…
Mas
se a canôa não virar, eu chego lá…
No
segundo dia, lá pela madrugada, perceberam que iam medir as melancias, trataram
de levar as indumentárias: tesoura, óleo de peroba, açúcar e água benta. Para
que não se sabe, mas o óleo de peroba se bem que os dois poderiam usar nas suas
caras lisas.
E
por falar em pneu, esta expressão vem de peneumático, então, já pensou em
comprar um pneumático! Ei me vende um Pneumático, pois os meus estão carecas.
Careca de saber que Ócio e Néscio não são bons do juízo, mas de doido só têm
uma coisa em comum: são locos por grana! Tio Patinhas e professor Pardal!
Piriri, pororó!
Ócio, na sua santa paciência, percebeu que Néscio andava falando sozinho,
movimentando os dedos, erguendo os braços, gesticulando com a cabeça e
movimentando as pernas com muita frequência, a lá Dom Casmurro! Seriam as
astúcias de Bentinho que o preocupam? Mistério no ar.
—
Meu sócio sente alguma coisa?
—
Sim, estou com dor de barriga, pois eu acho que a melancia estava quente
demais, mas comi muito para agradar o chefinho!
—
Ali, no meio da praça, todo mundo olhando, fotografando, filmando, colocando em
mídia social, arranhando as letras, ou melhor, assassinando à gramática,
enferrujando os canos do SAAE, tinha um que só faltava se pendurar no pescoço
do edil, dos edis…
O
que fome, despreparo, rabugice e desemprego não fazem.
—
Cara, tu fala muito, o cara tá fazendo o trabalho dele e livrando o dele,
afinal, família grande, muitos compromissos, e também pode ser candidato. Tudo
em nome da ética e da moralidade, dele e da família.
—
Bichinho, bichinho, não há circo que te aguente, lembra dos Pindobas! Àqueles
palhaços anãos que vinham sempre à terra da Pororoca?
—
Pelo visto a melancia não atacou só o teu estômago, afetou teu cérebro! Corre
para o hospital, pois lá tem médico ganhando 60 pilas!
–O
quê? Ah como eu queria ser um médico desse, sombra e água fresca, ou melhor,
água que passarinho não bebe. https://jornalistanilsonericeira.blogspot.com/
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