Um molde

Um molde
Moldes meu ser
Me tornei da forma que os outros
Fugir dos meus próprios olhos
Tornei-me o reflexo dos olhos alheios
Deformei-me, disforme não mais me encaixei
Vi-me sem parte, sem todo
Pois não posso ser o que os outros desejam
Mas a minha própria imagem
Pensei que as pessoas são moldes
Seus e do mundo
Mas ninguém poderia ser o que não é e quer ser
Pois o molde dos olhos alheios, díspares do nosso
Ainda que existam os que se almodam a ocasiões 
Prefiro ser o que sou a me ver em projeções alheias
Por isso me molde para ser eu mesmo
Longe de pretensões alheias
  Nilson Ericeira