Cárcere II

Pensei um dia, que havia descoberto meu cárcere 
Pensei que o cárcere era a república que eu morava, mas não era
O cárcere meus amigos, são as ruas
São pessoas inertes, omissas 
São dilemas, problemas…
Por isso redimo-me do meu equívoco, pois a república me deu asas
Agora vejo que o cárcere é con-gresso, a res pública 
As ruas com suas casas em grades
O preço dos alimentos, a falta de emprego e governos
Desgovernos…
O cárcere é o toque de recolher das praças
A propaganda enganosa e as mentiras em ondas
O cárcere é a igreja que aprisiona e o discípulo que vende ilusões
Hoje sei que meu cárcere não era a minha morada, pois sempre tive portas abertas…
E livros, fomes e vontades
Meu cárcere é o político sujo e o eleitor que se vendem
A desnudez moral
Por isso, por favor não me encarcerem com suas opiniões toscas
Deixem-me seguir, não preciso de escoltas
Nilson Ericeira