Escrever
sobre obviedades me seduz
Induz-me
ao mesmo tempo a saber que nem sempre as são
Assim
levo a vida, catando os versos do mundo
Psiu,
silêncio!
O homem
está morrendo em si mesmo
E como
sabemos nem sempre o ar é puro
Há
impurezas produzidas pelas pessoas
Somos
essências e lixos de nós mesmos
Vivemos
num paradoxo
Isto me
tem interessado até mais que a minha própria vida
Sou
mesmo um observador de comportamentos
E,
assim, ponho em tela
Por
vezes em letra frias, que não se encontram
Largadas
ao tempo, do mesmo modo que me comporto
Sem ser
notado e cheio de obviedades
Sou um
anônimo vivendo no anonimato daminha escuridão
Por isso,
de tempo chego a mês esquecer de mim mesmo
Ao ponto
de entender que não faço parte do mesmo nicho
O nicho
humano, ou melhor, o lixo desumano
Então
teço os fios da vida que por vezes me angustiam
Outras
vezes me deixam bem
Salve o
paradoxo!
Seria
assim a alegoria de nossos dias
Conformar-se
com tudo que já não nos surpreendem
Mas
tomara meu Deus que nunca deixemos de nos indignar
Ericeira
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