Corta-me
tão cegamente que antes deveria amolá-la
Ou
amoldar o seu fio para não fazer corta
E
quem não corta, não fere e nem sangra
Quem
não sangra, seu sangue estanca
Quisera
que o fio da navalha não me cortasse
Nem
me amolasse
Pois
assim chateação não teria
É
que vida molda o homem
E
homem fere-se, fere, adoece e morre
Com
o fio da sua navalha fala e fala…
Com
a língua afiada fere
Com
a sua bocarra corta feito navalha afiada
Com
os ouvidos nem sempre ouve
Ouvida-se,
amolda-se
Pobre
homem pobre que vive a tecer fios
Hora
afia-se, hora cega
Pois
com o seu egoísmo, ilha-se
Melhor
seria não ter fio nem navalha
Pois
navalha corta em dois gumes
E
fere o ser, o corpo e alma
Ainda
bem que é só subjetivações
Pois
assim, freio o fio, e poupo meu coração
Ericeira
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