Um poeta sonâmbulo

Passei uns dias engraxando sapatos

‘Arribitei’ solados

Sujando as mãos

Lavando a alma

Passei uns dias que não passam

Tomando bênçãos

Caminhando…

Passarinhando

Agora, passarinho

Passei uns dias puxando a barba da velha

Hoje, velho

Por isso, já experimento solidão

Mas ainda assim,

insisto em afinar as cordas do coração

E busco cenário possíveis

Uns que passaram, outros de agora

Eternizo-me em mim mesmo

Meto-me no meio do palco

Acompanho o eco dos meus pedidos

Justiça…

E tento ser protagonista de mim mesmo

Pois o público, o ator e a plateia

Mesmo que viva em monólogos

Sinto-me um juntador de letras

Um buscador de semânticas

Talvez em melhor definição

Ou num plano qualquer

Um aprendiz do tempo

Nilson Ericeira