Sonho em aquarela

Se criasse asas

Se eu voasse

Se eu subir ao céu

Mas não sou eu

Busco-me em mim mesmo

E devolvo-me à minha insignificância

E sentam em mim imaginações alucinantes

Nas aventuras de pensamentos infinitos

Ilações que me dão vidas

Criam mundos

Põem-me em aquarelas

Faço-me tingido nas tintas da vida

Em sobrevoos presos à minha saudade

Talvez com a idade,

ficamos apenas abobalhados

Encrustado em rugas que a vida fez

Mas ainda assim, o coração pede voos…

E seu eu tivesse asas

E se o mundo não tivesse podado

Se o céu não escurecesse

No clarão da vida te buscaria

Nilson Ericeira