Aos
poucos, em pequenos atos
Em
comportamentos
Em desunião
Sequei
meu coração
Comecei
então, uma nova fase:
A
sequidão do meu coração
Daí em
diante estava a um passo da esterilidade
E passei
a não me importar com os outros
Passei a
sentir só a minha dor
Sequei
completamente
Em mim
só desamor
Aos
poucos não enxerguei mais o meu irmão
Não lhe
estendi as mãos
Tornei-me
indiferente, opaco e sem visão
Desci ao
fundo do poço pensando subir ao céu
Criei
muros entre mim e os outros
Andei na
contramão
O meu egoísmo
me contaminou completamente
O meu
ser: objeto
Sentir
solidão na multidão
Sentir
fomes com farta comida
Muita
sede e senso de juízo
Faltou-me
reservas de amor
Estéril
e indigente descaminhei
E assim,
ilhei-me no meu próprio ser
Tornei-me
um bicho no lixo
Ao ponto
de usar deus como escudo e verbo
Derrapei
Ainda há
os que me seguem…
E me aplaudem!
Ericeira
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