Arari e o poema incompleto IV

Eu vi a cheia de 74

Ouvi falar de 64

Eu senti aflição

Eu carrego amor no coração

Eu ouvi Zé Bucho aboiar

Eu vi marreca passar

Eu sentir a fome doer

A febre arder

Eu assistir a Bil, Milhão e Chico Tufo Jogarem

Eu escutei Pedro de Aprízio, Elias e Elisiê prosearem

Fui ao Lago da Vida pescar

Vi a paisagem mais linda que há

Eu escutei e escuta até hoje o anunciar:

Não pecam sensacional partida de futebol

Eu gritei:’olha o palhaço na rua!’

Eu vi Berto passar: ‘olha o limão, compadre!’

Eu lembro de Caiçara, de Jurandir e Josué

Presenciei a campanha do tostão contra o milhão

Eu vi o céu anunciar:

é Batalha que vai ganhar

Eu tive impaludismo

Vendi carvão e pão

Fui a festas no Arari Clube, Casino e Bidoquinha

Ia até a Baixa dos Paus pescar

‘Carambanginhas’ e sambiquiras milagrosos

De Arari fui embora e estou para sempre

Se não posso ser semente, na mente estou

Ou no céu, no céu estarei

Mas antes, eu vi João Fufu no cavalo a cavalgar

Ouvi Constantino fobar

Porém eu sei que outros poetas a poetar

Pois celeiro de intelectuais

Então, ara ali, Arari, pois devem este poema continuar

Nilson Ericeira

(Robrielle)